Carta de amor de Richard Feynman

Richard Feynman, um dos pais da bomba atômica, escreve em 1946 à sua esposa, Arline Greenbaum, falecida 16 meses antes:

“Cara Arline,

Eu adoro você, querida.

Eu sei como você gosta de me ouvir, mas escrevo não apenas para agradá-la. Escrevo porque isso inunda de calor meu interior. Não escrevi por muito tempo, quase 2 anos. Mas sei que você vai me perdoar, um inveterado pragmático. Achava que não havia sentido algum em escrever para você.

Mas agora, minha querida esposa, sei que devo fazer aquilo que adiei por muito tempo e que, com tanta frequência, fazia no passado. Quero dizer que amo você. Quero amá-la. Sempre a amarei.

Com minha mente é difícil entender o que significa amá-la depois de morta, mas até agora quero protegê-la e cuidar de você. E eu quero que me ame e cuide de mim. Eu quero falar com você sobre os meus problemas. Eu quero fazer coisas diferentes com você. Até agora, isso nunca tinha me acontecido. Mas poderíamos fazer muitas coisas juntos: costurar roupas, aprender chinês, comprar um projetor de filmes. E agora, posso fazer isso? Não, estou tão sozinho sem você. Você foi o principal gerador de ideias e a fonte de inspiração para todas as minhas loucas aventuras.

Quando estava doente, você se preocupava por não ser capaz de me dar o que eu precisava, o que queria me dar. Você não deveria ter se preocupado. Não havia necessidade disso. Eu sempre disse que a amava muito, simplesmente por existir. E agora entendo isso mais do que nunca. Você não pode me dar mais nada e eu amo tanto você que nunca poderei amar outra pessoa. E eu quero que seja assim. Porque até morta você é muito melhor do que todos os vivos.

Eu sei que você vai dizer que sou um tolo e quer que eu seja feliz, sem se interpor no meu caminho. Provavelmente ficará surpresa ao saber que, durante esses 2 anos, eu não tive sequer uma namorada (exceto você, minha amada). E você não pode fazer nada a respeito. Eu também não posso. Não entendo nada. Conheci muitas garotas, incluindo algumas muito simpáticas, e não quero ficar sozinho, mas depois de alguns encontros, percebi que elas não significavam nada para mim. Eu só tenho você. Você é real.

Minha querida esposa, eu adoro você.
Eu amo a minha esposa. Minha esposa morreu.

Rich

P.S: Perdoe-me, por favor, por não ter lhe enviado esta carta: não sei seu novo endereço”.