Na verdade, vivemos

com muitos mistérios maravilhosos
a serem entendidos.
Como pode a grama ser nutritiva
na boca dos cordeiros.
Como podem os rios e as pedras estarem em permanente
aliança com a gravidade
enquanto nós mesmos sonhamos flutuar.
Como podem duas mãos ao tocar-se firmar laços
que nunca mais se quebram.
Como é que as pessoas, vindas do prazer ou
das cicatrizes dos golpes,
chegam ao conforto de um poema.
Deixem-me manter sempre a distância
dos que pensam ter todas as respostas.

Deixem-me ficar na companhia dos que dizem
Vejam! e riem de assombro
e inclinam reverentes a cabeça.

Mary Oliver, Evidence: Poems